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A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai atribuir, anualmente, duas bolsas no valor de 200 mil euros cada, para os melhores projetos de investigação inéditos em Neurociências que permitam avanços consideráveis em duas áreas prioritárias para a atual administração: a recuperação ou tratamento de lesões vertebro-medulares, e a compreensão, prevenção, tratamento e cura de neuropatias degenerativas associadas ao envelhecimento.


São 400 mil euros por ano, naquele que é o maior investimento alguma vez feito na investigação em Neurociências no nosso país.

A iniciativa parte do Provedor da instituição, Pedro Santana Lopes, com o objetivo de promover um trabalho científico inovador que possa contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas com lesões na coluna e doenças como Parkinson ou Alzheimer. Constitui, assim, uma aposta da Misericórdia de Lisboa na promoção de investigação científica de excelência nas suas áreas de atuação. 

O valor a atribuir tem como origem prémios não reclamados dos jogos sociais da Santa Casa. É a primeira vez que a instituição investe diretamente no fomento à investigação, numa conjuntura económico-financeira adversa à Ciência e Desenvolvimento. 

A Bolsa Dr. José de Mello e Castro, de 200 mil euros, será atribuída, anualmente, ao melhor projeto de investigação científica, clínica ou tecnológica que permita um avanço considerável na recuperação ou tratamento de lesões vertebro-medulares congénitas, adquiridas ou traumáticas. A abertura do concurso para a primeira edição será anunciada durante o mês de Abril. 

Também a Bolsa Mantero Belard, igualmente de 200 mil euros anuais, vem promover e financiar novas abordagens, dentro do leque multidisciplinar das Biociências, a doenças como Parkinson, Alzheimer, Pick ou esclerose múltipla, entre outras. No último trimestre de 2013, abre o concurso para a primeira edição. 

Os júris de cada bolsa serão compostos por especialistas nestas áreas, contando, para já, com o apoio das universidades de Lisboa, Porto e do Centro de Neurociências de Coimbra, entre outras entidades. 

O anúncio foi feito esta manhã por Pedro Santana Lopes, no XIV Congresso da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, que está a decorrer no Hotel Cascais Miragem, no Estoril. 


Investigação de excelência para a reabilitação

A Misericórdia de Lisboa, através do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA), realiza já um importante trabalho no tratamento de lesões vertebro-medulares. A bolsa agora criada recebe, aliás, o nome do Provedor da instituição a quem é reconhecido o papel de principal dinamizador do Centro de Alcoitão: o Dr. José de Mello e Castro. 

Em 1957, a Santa Casa foi também pioneira na formação de profissionais de saúde da área de reabilitação, com a abertura dos primeiros cursos, no país, de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e, mais tarde, em 1962, de Terapia da Fala. 

É este mesmo espírito que motiva agora a criação da Bolsa Dr. José de Mello e Castro. Os participantes devem ter nacionalidade portuguesa ou residir em Portugal e ser igualmente mestrandos, doutorandos, professores ou investigadores de instituições portuguesas de ensino superior ou centros de investigação. Caso o projeto seja submetido por um grupo de investigação, pelo menos metade dos seus membros terá de preencher estes requisitos. 


Por um envelhecimento digno

O isolamento crescente, o abandono e a falta de condições económicas, sociais e de saúde dos mais idosos tem sido uma preocupação da atual administração da Misericórdia de Lisboa. Com a Bolsa Mantero Belard, a instituição quer contribuir para uma maior qualidade de vida e para dar condições mais dignas aos idosos afetados por doenças neurodegenerativas.

Estas patologias são a causa mais frequente de demência na terceira idade, provocando grande sofrimento a pacientes e famílias. Em Portugal há hoje 20 mil pessoas com doença de Parkinson e cerca de 90 mil com Alzheimer.

A bolsa fica conhecida como Mantero Belard em homenagem a Enrique Mantero Belard, o benemérito que, em 1974, deixou à Misericórdia de Lisboa uma parte significativa dos seus bens, ficando a instituição obrigada a entregar, em seu nome, os Prémios Nunes Correa Verdades de Faria.

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